Vivemos ON e muitas vezes OVER.
Ninguém sabe mais como parar. Tentando construir sonhos gastamos o
combustível do tempo. E lutando por nós mesmos, trocamos as janelas
reveladoras do próximo por espelhos idolatrando o próprio umbigo.
Afinal, viramos reféns da era do “selfie” pra ser feliz.
Feliz!? Será?
Quem já não ignorou alguém do lado teclando com o outro lado? Ou
gastou mais tempo em “likes” alheios do que vivendo a própria galeria de
aventuras? E quem não se viu mais obcecado por sinal de wi-fi no
shopping do que atraído pelas faces humanas? Ou curtiu o idealismo
virtual mais que o realismo relacional? Atire a primeira pedra! (Ou
ponha a consciência no stand-by.)
A verdade é que nos conectamos à distância nos alienando do próximo.
Vandalizamos a convivência. Feito factóides ineptos de uma fábula
bizarra, beiramos a robotização do eu moral viralizado por um vazio
existencial. Os adolescentes piram quando um “meme” bomba na web; as
crianças exigem mamadeiras touch-screen; e adultos encurvados se
hipnotizam pelo novo canto das sereias: toques universais alertando que
outra mensagem chegou.
Será que não é hora de repensar nossa pele e osso? Reivindicar nosso
coração batendo mais do que o smartphone tocando? Sair pra jantar no
modo avião e dormir em paz só com a Bíblia na cabeceira? Sou refém deste
mesmo sequestro. Tecnológicos nos ilhamos pré-históricos. Com uma
diferença: a descoberta do fogo que aproximou os humanos eclipsou-se
pela instantaneidade informativa – algoz nata de tantos ciberviciados.
Posso apresentar uma alternativa? Fique OFF.
OFF? Deus também é. Ele criou a pausa, o sábado, o
afago do silêncio. Como Cristo, Ele instituiu a arte da contemplação e
ensinou a sublimidade do equilíbrio. Provou que parar o suficiente é
avançar o bastante. E ninguém deixa de ser alguém por optar pelo
off-line. Desligar um pouco! Nem que seja por um momento específico – o
necessário pra valorizar o presente da presença.
E o tempo? Tempo a gente não gasta. É ele quem gasta a gente. Além
disso, não fazemos anos de vida – mas, sim, perdemos anos nesta vida. Ou
você acha que alguém “faz” 29 velas no bolo? Não! Ele já perdeu 29 anos
que não voltam. E pelos dedos os grãos escoem rápido se tentamos
agarrar tantos gadgets quanto as areias do tempo.
Portanto, acredito na preciosidade das histórias que vivemos pra contar. Creio no Criador que “pôs a eternidade no coração do homem”
(Ec. 3:11) para experimentar momentos únicos com suas criaturas. Vamos
agir? Valorizando o afeto mais do que barras de rolagem? Pessoas antes
dos dispositivos? E o Deus da paz de espírito mais do que a batalha
neurótica dos distraídos?
Porque a gente leva da vida, a vida que a gente leva.
Ouvi numa música – jamais esqueci na alma. Ligar-se no que realmente
dura pode ser um chamado urgente a se desligar do que apenas passa. Que
tal pensar nisso agora mesmo? Desespere-se menos por um carregador de
celular aquecido na tomada e aproveite mais o calor das mãos de quem ama
pra valer. Antes que esfriem e o remorso ascenda interminável.
Quer saber? Pare um pouco, ore sempre, e ame em tudo.
Você verá que OFF também é ON.
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